quarta-feira, 14 de março de 2012

Um Convite Envenenado




Fui um dia convidado
Para o café da manhã,
O que aceitei com agrado,
Dum chefe que havia lá.

Ambos nos deslocamos
Para o referido café,
Uma vez lá, nos sentamos
E eu ali de boa fé.

Palavra, puxa palavra
Acabou por perguntar,
Se de facto eu gostava,
Do que estava a desempenhar.

Prontamente respondi,
Que tudo o que fazia
Foi tal, como aprendi
E assim continuaria.

Ele logo retorquiu
Dando-me largos elogios,
Informando-se sentiu,
Propor-me outros desafios.

Eu logo disse que não
E me sentia bem,
Eis, o cerne da questão
Que tal convite tem.

Serviço de fiscalização
Das obras adjudicadas,
Aos empreiteiros que as tomavam,
Muitas vezes de mãos beijadas.

Abundava a corrupção,
Onde chefias contaminavam
E faziam jogos de diversão,
Com os quais não dominavam.

Não se podia exercer
A profissão com dignidade,
Acabava-se por sofrer
Na pele, tal mediocridade.

Próximo da aposentação,
Acabei por me transferir
Para o sector de conservação,
Depois de me ter feito ouvir.

Por isso este país
Chegou onde chegou,
O sistema assim o quis,
Mesmo quando se alertou.

Hoje estou aposentado
Consciente do que fiz,
Tendo sempre enveredado
Por cumprir pela matriz.

O autor:
Bernardo Cerqueira

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