quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Os ignorados de sempre




















Viram-se para esta classe
Que tem sido ignorada,
Sempre deram sua parte
Para que nunca falta-se nada.

Contribuindo com descontos
Durante uma vida inteira,
Hoje vemos alguns tontos
Quererem encostá-los à beira.

Desgastados, pelo dever sentido
Ao serviço do seu país,
Vêem agora o adquirido
Ser roubado pela raiz.

Não foram estes os autores
Do devaste do país,
Até os fundos destes senhores,
Foram desviados como se diz.

Para um défice tão falado
Que teima em persistir,
Vão aos direitos do aposentado,
“Que já deixaram de sorrir.”

Que se mude bem depressa
Inclusive o bom censo,
Chega, ser bombo de festa
Em todo e qualquer momento.

É tudo sempre a subir
E as pensões congeladas,
Só vejo a igualdade surgir,
Quando nuvens vem carregadas.

Espero que venha o sol
E com ele vejam a luz,
Surja um governo em prol,
E nos livre desta cruz.

O autor:
Bernardo Cerqueira

domingo, 14 de outubro de 2012

Há sempre volta a dar
















Foi ajudante de marceneiro
Ainda era adolescente
E também foi de torneiro,
Mudou para ser diferente.

Experimentou ser pintor
Durante vários meses,
Mas foi também vendedor
De cursos algumas vezes.

Iniciou-se em metalurgia
Que nunca o cativou,
Não era aquilo que queria,
Em seguida abandonou.

Foi empregado de balcão,
Era o moço dos recados
Achou que não era bom,
Arranjou para outros lados.

Desta vez foi para padeiro,
Trabalhava durante a noite
Andou lá o ano inteiro,
Não era aquilo que queria, ( foi-se ).

Foi para o estrangeiro
À procura do seu futuro,
Era ajudante de pedreiro,
Deixou porque era “duro.”

Começou em tanoeiro
Mas não o seduzia,
Tentou novamente padeiro
Desta vez durante o dia.

Acabou por se mudar
Desta vez para electricista,
Logo começou a pensar
Em querer ser artista.

E tanto que procurou
Acabou por arranjar
Acesso onde conquistou,
Uma escola para treinar.

Foi então contorcionista
Que ali se transformou
O sonho em ser artista,
E mais um ano passou.

Era um jovem curioso
Querendo sempre mais,
Aventureiro e teimoso
Partiu para outros locais.

Foi então para estivador
Por ser mais bem remunerado,
No pensar deste senhor
Começava a pesar o passado.

Passados meses voltou
Já na fase de adulto,
Em seu futuro ponderou,
Já não era nenhum puto.

Entrou para uma empresa
Que seria o seu futuro,
Era aquela com certeza
Que mais se sentia seguro.

Começou como auxiliar,
Foi técnico em telecomunicações
Onde acabou por se formar
No serviço de fiscalizações.

Esta obra verdadeira
Apenas pretende mostrar
Em forma de brincadeira
Que há sempre volta a dar.

O autor:
Bernardo Cerqueira

sábado, 13 de outubro de 2012

Quando o amor é verdadeiro




















Quando o amor prevalece
Tudo se pode vencer,
O impossível desaparece
Tudo se pode fazer.

Quando ele é verdadeiro
Temos o Mundo na mão,
Pelo contrário o traiçoeiro
Trai-nos o coração.

Derruba-nos os sentimentos,
Leva-nos a força de viver,
Abate-nos durante tempos,
Tudo pode acontecer.

Se ambos prevalecem
Com o seu real amor,
Os sentimentos fortalecem,
Vemos a vida com fulgor.

Começamos a ver melhor
O sentido que ela tem,
Entre o melhor e pior
E os prazeres que dela vem.

Assim como as barreiras
Que nos faz ultrapassar,
Perante um Mundo de clareiras,
Se com ele soubermos lidar.

Assim tudo germinará
Como as sementes na terra,
O amor prevalecerá,
E colheremos os frutos dela.

Quando nos apercebemos,
Vemos então a felicidade
E a noção que temos,
É que nos amamos de verdade.

O autor:
Bernardo Cerqueira

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Maré Negra













Sem rumo, à deriva,
Assim se vai navegando,
Perde-se a qualidade de vida
Porque nos vai dilacerando.

Uma enorme maré negra
Sem saber para onde ir
Uma situação grega
Não tarda, se vai sentir.

Com as medidas anunciadas
Em escalões de IRS,
Famílias serão afundadas,
As que não são, emagrecem.

E ficarão com os ossos
Que poderão ser alienados,
Com estes passos insossos,
Para reuniões de inadaptados.

Assim se vai navegando
Numa escuridão imensa,
Que reage de vez, em quando,
Através de toda a imprensa.

Para apresentar novas medidas,
Ferindo mais os cidadãos
Como águas assassinas,
Que levam nossos irmãos.

Uma enorme maré negra
Que toca uma população,
De uma justiça cega
Sem nenhuma ponderação.

Onde iremos nós parar
Nesta maré de incerteza,
Numa rota sem clarear,
E sem esperança na mesa.

 O autor:
 Bernardo Cerqueira

sábado, 6 de outubro de 2012

Os Insenssíveis




















Insensíveis aos sacrifícios
De um povo paciente,
Retiram-lhe os benefícios
Como se não fossem gente.

Com vencimentos congelados
Já lá vão alguns anos,
Espremem-lhe os ordenados
Com impostos disparatados.

São cegos e surdos
Não vêem o país afundar,
Apelidados de gatunos
Que teimam em nos roubar.

Como pode uma economia
Desta forma sobreviver,
Ver sua mercadoria
Nas estantes apodrecer.

Sem dinheiro para comprar
Não se poderá vender,
Pára-se de trabalhar,
Mais falências vão aparecer.

O desemprego vai aumentar,
Os impostos vão diminuir,
O país vai afundar
Sem dinheiro para emergir.

Vamos de mal a pior
Se a estupidez continuar,
Seria muito melhor
Que se pusessem a andar.

O povo é espremido
Por um bando de ladrões,
Recuando ao prometido
Não passaram de ilusões.

Saudades tenho do Spínula
E dos capitães de Abril,
Aqui deixo uma vírgula,
Para que possam reflectir.

O autor:
Bernardo Cerqueira.