terça-feira, 17 de agosto de 2010

MEMÓRIA DOS LAVADOUROS.


Em tamques, Rios e poças,
Se juntavam com frequência,
Lavadeiras, e jovens moças,
Onde os cohichos era presença.

Eram conversas de lavadouro,
Que para tal combinavam,
Mais parecia, a corrida ao ouro,
Com as trouxas que carregavam.

Dos vizinhos conversavam
Enquanto jovens curtiam,
Com namoros que arranjavam,
Quer nos tanques, quer em Rios.

Era o local preferido
Por muitas dessas lavadeiras,
E não menos pretendido,
Por amantes e companheiras.

Iam lavando os seus trapos
Naqueles sítios isolados,
Neles viam seus buracos,
Para não serem topados.

Por vezes ouviam-se cantar,
Acompanhadas ou sós,
Era um sinal alertar
Que havia lugar p`ra nós.

Eram os dois extremos,
De uma época de saudade,
Onde os cochichos não eram menos,
Com pessoas com mais idade.

Cochichando doutras gentes
Tanto de bem, como de mal,
Eram conversas correntes,
Que comparo com o estendal.

Mas também havia luta
Quando alguma se zangava,
Fazia-me lembrar a truta,
Quando o anzol pegava.

Pegavam os seus cabelos,
Uma, e outra puxava,
Medindo forças aos berros,
Enquanto alguém apartava.

Peripécias do passado
Que vale a pena recodar,
A quem ali tenha topado
Seu amor, para amar.
O autor:
Bernardo Cerqueira

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